Não sei viver através de coisas grandiosas, não consigo mesmo. Coisas grandiosas me cansam antes mesmo de acontecerem, muita expectativa, muito glamour declarado, muita atmosfera e pouco oxigênio. Bom mesmo é ser pequeno, apreciar tudo sem responsabilidades. Ter o seu coração representado em cada um dos seus sentidos. Sinto batidas cardíacas através dos meus olhos, língua, mãos, ouvidos, nariz e até do meu peito. Meus sentidos captam tudo que me é necessário, cada detalhe que me traz emoções certas (ou erradas). Emoções internas, que normalmente tardam para se externarem. Não tenho pressa na minha vida, meu rush nunca foi expressar e sim sentir, falar menos - agir mais. Sou sensorial demais para um mundo movido a palavras, declarações e publicações, desagrado a gregos e troianos, foda-se sou brasileira.
Sofro de ausência crônica, não conseguindo manter comunicação durante muito tempo, desapareço porque sinto vontade, gosto de prestar atenção no universo, pessoas são distrações. Me distraio fácil, tudo me fascina, me desperta o interesse, encantamento imediato. Tenho dificuldades em aceitar que não consigo prestar atenção em todos, saber de tudo, de todos os fatos, de todos os mínimos detalhes.
Sou personificada em detalhes, vivo através deles, sou dependente deles. Deus e o Diabo estão nos detalhes, minha calma e meu inferno estão nos minúsculos, minha indiferença e desprezo estão nos maiúsculos. Gosto da formação das coisas, da construção de tudo, da desconstrução até o nada. Curto coisas mastigadas com prazer e digeridas lentamente. Sou ausente no todo, sou presente nas partes.
Bônus: sorrisos, lágrimas, socos, gritos, palavras, passos, caminho, fumaças, goles, quedas, conquistas, derrotas, olhares, entres outras coisas. Tudo mero detalhe.