sexta-feira, 24 de abril de 2009

Vivendo em detalhes

Não sei viver através de coisas grandiosas, não consigo mesmo. Coisas grandiosas me cansam antes mesmo de acontecerem, muita expectativa, muito glamour declarado, muita atmosfera e pouco oxigênio. Bom mesmo é ser pequeno, apreciar tudo sem responsabilidades. Ter o seu coração representado em cada um dos seus sentidos. Sinto batidas cardíacas através dos meus olhos, língua, mãos, ouvidos, nariz e até do meu peito. Meus sentidos captam tudo que me é necessário, cada detalhe que me traz emoções certas (ou erradas). Emoções internas, que normalmente tardam para se externarem. Não tenho pressa na minha vida, meu rush nunca foi expressar e sim sentir, falar menos - agir mais. Sou sensorial demais para um mundo movido a palavras, declarações e publicações, desagrado a gregos e troianos, foda-se sou brasileira.

Sofro de ausência crônica, não conseguindo manter comunicação durante muito tempo, desapareço porque sinto vontade, gosto de prestar atenção no universo, pessoas são distrações. Me distraio fácil, tudo me fascina, me desperta o interesse, encantamento imediato. Tenho dificuldades em aceitar que não consigo prestar atenção em todos, saber de tudo, de todos os fatos, de todos os mínimos detalhes.

Sou personificada em detalhes, vivo através deles, sou dependente deles. Deus e o Diabo estão nos detalhes, minha calma e meu inferno estão nos minúsculos, minha indiferença e desprezo estão nos maiúsculos. Gosto da formação das coisas, da construção de tudo, da desconstrução até o nada. Curto coisas mastigadas com prazer e digeridas lentamente. Sou ausente no todo, sou presente nas partes.




Bônus: sorrisos, lágrimas, socos, gritos, palavras, passos, caminho, fumaças, goles, quedas, conquistas, derrotas, olhares, entres outras coisas. Tudo mero detalhe.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

DR

Grita! Mas por favor? Grita na minha cara. Gritaria sem ser de frente só me faz sentir o total avesso das suas emoções reais. Para de falar baixinho e mansinho, quero notas altas e clareza na sua voz, já não agüento mais a sua falta de adrenalina. Vira essa tequila e traga o seu cigarro, mas faz isso com um pouco de veemência por obséquio? Pra quê tanto corpo, tanto músculo, tanto físico? Você nunca tira sangue de ninguém, você nunca perde sangue por ninguém.
Você não chora por vontade, as lágrimas brotam por comodismo, apenas pela dinâmica dos seus olhos, não pelos sentimentos do seu corpo ou necessidade da sua alma. Mente pra mim? Mente com gosto, com toda sinceridade que você consegue localizar. Deixa de sorrir amarelo e fabricar sua luz artificial. Chorar vermelho é mais digno, gargalhar é mais digno, luz natural, de fato, é mais digno.
Eu quero vida em você, quero sentir-la na sua voz, nos seus gestos.
Estou passando seu amor.
Aceito apenas sua paixão e em troca ofereço-lhe um pouco de vida.